Maioria dos prédios não têm manutenção no sistema de incêndio!

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Quase tudo é grande em Balneário Camboriú. Inclusive, a negligência na prevenção de incêndios. Pelo menos 70% dos edifícios da cidade não esta­riam fazendo a lição de casa. “Hoje, apenas 30% dos condomínios fazem a manutenção dos sis­temas preventivos”, estima o tecnólogo em se­gurança Luiz Carlos Gomes, 56 anos, especialis­ta em ações de prevenção e combate a incêndios e ex-presidente da associação de Bombeiros Co­munitários de Balneário Camboriú.
Mesmo com estimativas diferentes, a dire­ção do sindicato da Habitação de Santa Catari­na (Secovi) concorda que quando o assunto é manter em dia os equipamentos e esquemas de segurança, há mesmo uma deficiência perigo­sa. “Dos prédios mais antigos somente 30% têm regularização e dos maios novos diria que uns 70%”, calcula Sérgio Luiz dos Santos, presiden­te da entidade que reúne síndicos, proprietários de condomínios, administradoras e imobiliárias de 134 cidades de SC.
Um problemão que fez com que os bom­beiros militares começassem este ano um projeto para conferir, um a um, o sistema de prevenção de incêndio dos edifícios da cida­de e outras edificações que não sejam casas. “É um desafio a gente conseguir isso”, admi­te o tenente Marcus Vinícius Abre, chefe da seção de Atividades Técnicas do batalhão do Balneário.
Só este ano, os bombeiros militares aplica­ram nada menos que 597 notificações em al­guma construção que apresentava problemas no sistema de segurança contra incêndios. Isso representa quase 30% do total de edifí­cios. E olha que o trabalho das vistorias ainda tá no começo. “90% dos problemas é a falta de renovação do atestado de funcionamento das unidades”, observa o tenente. É esse ates­tado que comprova se a manutenção dos sis­temas foi ou não feita nos prédios.
Até agora, conta o tenente Marcus Vinicius Abre, foram feitos 390 planos de regularização dos sistemas de prevenção, que prevê um crono­grama de ações para que ocorra a adequação. Também foram aplicadas 83 multas para os representantes legais das edificações – pro­prietários, condomínios ou administradores – por não atenderem às exigências dos bombei­ros. As multas variam de R$ 200 a R$ 10 mil.

Os principais problemas nos prédios
Um dos problemas são as saídas de emergência de edificações obstruídas. Luiz Gomes, bombeiro comunitário e especialista em prevenção e combate de incêndios, reforça que é comum se ver portas corta-fogo abertas ou travadas nos prédios. “E isso não pode, porque com as portas abertas a escadaria vira uma chaminé”, alerta.
Segundo ainda Luiz Gomes, registros de hidrantes fechados

Falta cultura de prevenção, acredita especialista
Para Luiz Gomes, o problema da falta de manutenção no sistema de prevenção dos prédios é grave justamente por Balneário Camboriú ser uma cidade verticalizada. “O incêndio verticalizado é um dos piores”, observa. É até curioso, mas o risco não é necessariamente o fogo e sim a fumaça. “O que mais mata é a fumaça”, ressalta o especialista.
E é aí que entra o problema das edificações altas. “Num incêndio horizontal, como numa casa, por exemplo, você consegue fazer a evacuação das pessoas com muito mais facilidade”, explica Luiz Gomes. Além disso, fica muito mais fácil para os bombeiros localizarem o foco das chamas, já que a fumaça não mascarou o ponto do incêndio.
Já nos prédios, a fumaça, por ser mais leve que o ar, tende a ir pra cima. “Ela vai sempre subir e se espalhar”, aponta. “No incêndio do Marambaia, por exemplo, pegou fogo apenas num apartamento, mas contaminou todo o prédio”, lembra, referindo-se ao sinistro que há duas semanas e meia atingiu um dos hotéis mais antigos da cidade, no pontal Norte.
O grande risco da fumaça, diz ainda o especialista, é a intoxicação. Ele lembra o incêndio do hotel Marambaia, que botou no hospital inclusive policiais militares que ajudaram a combater as chamas. “Há 30, 40 anos, o que mais queimava nos incêndios eram materiais do que se chama classe A, que são madeira, algodão, tecidos, fibras. E isso liberava mais vapor e calor do que fumaça. Hoje, com tantos derivados de petróleo, de plástico, o que libera é a fumaça negra”, afirma.
Pra piorar a situação, avalia Luiz Gomes, não há uma cultura de prevenção de incêndio. Inclusive entre os moradores e administradores de prédios de Balneário Camboriú. “Às vezes os síndicos comentam que os bombeiros estão muito exigentes em questão de segurança e questionam quem ganha com essas cobranças de taxa. Eu respondo: ‘quem ganha é a segurança’”, diz Luiz, que além de instrutor de cursos de prevenção e combate a incêndios, tem há 26 anos uma empresa de segurança no setor. “Oras, um prédio incendiado o seguro paga. Mas e a vida de uma pessoa?”, completa.

 

Fonte: http://www.diarinho.com.br/materias.cfm?caderno=25&materia=105174

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